A Praça Dr. Augusto Silva, Lavras-MG: uma visão de usos, costumes e regulamentos nas décadas de 1910 e 1920.

Autores

  • Alessandra Teixeira Silva
  • Patrícia Duarte de Oliveira Paiva
  • Thaísa Silva Tavares

DOI:

https://doi.org/10.14295/oh.v13i0.1725

Palavras-chave:

Praças Públicas, Praças, Jardins Históricos, Paisagismo

Resumo

Os jardins e parques tiveram suas características ligadas ao pensamento estético nos diversos períodos ao longo da história humana, principalmente no que se refere ao seu planejamento e estrutura para uso público.
Uma dimensão cognitiva do jardim passa ao largo de considerações racionais ou míticas, supondo apenas o reconhecimento de regras criadas e aceitas pela sociedade. Adentrar em um jardim implicava o aceite de regras de um jogo social imposto por uma norma de comportamento refinado. O jardim público era o local de encontros das elites ou dos segmentos derivados, passarela da demonstração, das vaidades expostas das trocas sociais legitimando pelos valores aceitos pelas sociedades que constituíram tais recantos (Segawa, 1996).
Segundo Segawa (1996), para os parques e jardins da cidade de Belém, a administração local editou, em setembro de 1903, um “Regulamento para o serviço no Bosque, Horto e Parques Municipais” no qual pode-se relatar alguns deles: nos recintos públicos, não se permitia entrada às “pessoas que estiverem ébrias ou disso tenham hábito; os que trajarem indecentemente ou de modo ofensivo ao decoro; cães e outros animais”; estragar as plantas e flores; atirar pedras ou quaisquer outros projéteis; pisar e andar sobre a grama ou penetrar nos grupos de vegetação; permanecer nas sentinas e mictórios mais do tempo preciso para satisfazer as necessidades naturais; fazer algazarras; conduzir-se por palavras e atos de modo ofensivo ao decoro e à moral”. A penalidade por esses vários delitos era multa em dinheiro, expulsão imediata para fora do jardim e pagamento do dano que causar. Estas regras citadas acima podem ser comparadas ao regulamento da Praça Dr. Augusto Silva, no qual relata também a preocupação por parte do poder municipal em conservar e preservar o espaço público. Na época, alguns segmentos da população reconheceram o valor da praça, pois existia um movimento no sentido da necessidade de uma área verde útil à população.
Os séculos XIX e XX foram decisivos na história da evolução das praças, considerando que a antiga praça passou a ser ajardinada, equipada, pavimentada e tratada com esmero, de modo a abrigar todas as novas modalidades de vida urbana que são então estruturadas (Robba & Macedo, 2003).
A praça, juntamente com as ruas, consiste em um dos mais importantes espaços públicos urbanos da história no país, tendo, desde os primeiros tempos da Colônia, desempenhando um papel fundamental no contexto das relações sociais em desenvolvimento. De simples terreiro a sofisticado jardim, de campo de jogos a centro esportivo complexo, a praça é, portanto, um centro, um ponto de convergência da população que a ela acorre para o ócio, para comerciar, trocar idéias, e ainda, para encontros românticos ou políticos (Adams, 2002; Robba & Macedo, 2003).
As praças são unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana e o seu modo de tratamento e uso indicam o nível de civilidade de seus usuários e o exercício dos direitos e deveres de cidadania nela vivenciados. É pelo uso que as pessoas fazem de uma praça um espaço importante para o seu dia-a-dia e convívio social (Sousa, 2005).
Nesse contexto, objetivou-se resgatar parte da memória e história da Praça Dr. Augusto Silva, que tem uma ligação bastante íntima com o município, visto que este espaço público além de marco inicial da civilização foi também um local muito freqüentado com grandes celebrações e encontros políticos.

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Publicado

2007-06-14

Edição

Seção

Artigos